Enem: uma oportunidade de contar ao mundo o que você sabe

O Exame Nacional do Ensino Médio está chegando e estou torcendo para que você, querido aluno, nestes dias que o antecedem, faça contato com a sua própria potencialidade, com toda a sua dedicação aos estudos nestes últimos anos, com a sua vontade de contribuir para um futuro melhor. Você é importante e tem a oportunidade de mostrar o que sabe neste exame. Cuide do que pensa a respeito de si mesmo! Valorize que você é e a sua trajetória de aprendizado. Independente do resultado que obtiver no Enem, chegar até essa semana é um marco do seu sucesso. Cuide das suas emoções e seja afetuoso com você mesmo!

Podem participar do exame aqueles que estão concluindo ou já concluíram o ensino médio e eu tive bastante contato neste ano com esses alunos. Aqui, quero dar uma atenção especial a respeito dos alunos que estão finalizando o 3º ano.

Quero compartilhar algumas observações e percepções que tive ao estar com os jovens, ao conversar com as famílias e ao amadurecer ideias com orientadores de escola e outros profissionais parceiros que também os acompanham. Acredito que encontramos juntos bons caminhos para facilitar esse momento desafiador para os jovens.

Um dos pontos que levei a estas conversas foi a percepção de como a maioria dos alunos estava tensa, ansiosa, alguns apresentando indícios de crises de pânico, e altamente desmotivada para ir ao colégio. Enquanto em outros anos eu ouvia frases como “vou sentir muita saudade da minha turma”, “não sei como vou fazer sem meus amigos”, “vou chorar quando me despedir dos meus professores”, “como vou fazer sem ir a essa escola que vou há anos”, nesse ano eu ouvi uma sentença unânime: “só quero que acabe, não aguento mais”.

Os autores deste desabafo são os alunos que entraram no 1º ano do ensino médio no início da pandemia, com aulas remotas em 2019 e 2020. Os jovens que estão finalizando o 3º ano em 2022, são os alunos de 1º e 2º ano de pandemia.

Os adolescentes geralmente saem do 9º ano cheios de expectativas para entrar no ensino médio – quando se tornam adolescentes “mais velhos”, vão ter mais professores, “vão mudar de prédio (onde os menores não entram)”, ganham mais status por estarem no ensino médio, têm mais liberdade de movimento, fazem mais amigos, têm mais experiências de namoros, festas, saídas sem a família, diversões. E aí eles tinham um 1º ano e um 2º ano intensos de aula para se preparar para o 3º ano – e depois o tão esperado Enem.

2022, eles tiveram, sim, um 3º ano intenso, onde foram cobrados DA MESMA FORMA, como se tivessem tido aulas presencias normais, como se tudo tivesse seguido o mesmo curso de antigamente, como se o rendimento tivesse sido o mesmo. Fico perplexa e condoída com isso, pois é extremamente injusto e não saudável desconsiderar que esses alunos não tiveram o mesmo ensino e a mesma aprendizagem. Isso não tira deles a mesma capacidade, o mesmo potencial e as mesmas possibilidades. Porém, esperar e/ou exigir deles o mesmo rendimento é sistematizar um convite e um reforço à ansiedade e ao estresse.

Ao longo desse ano, eu disse várias vezes em conversas que eu pensava que os piores anos para nossos jovens tivessem sido os dois primeiros anos da pandemia. Mas, a realidade que chegou até mim foi diferente, pois esse ano de 2022 foi um ano de picos de estresse, de ansiedade, de crises de pânico e de depressão, associados à adaptação ao retorno ao presencial e à exigência de alto desempenho. Creio que podemos concordar que um conteúdo que foi apresentado on-line não foi apreendido e possível de ser acompanhado da forma necessária. É claro que houve exceções.

Além disso, quero trazer mais dois pontos para a reflexão:

1. A partir de um resultado positivo do Enem, mudanças importantes acontecerão na vida do estudante: onde irá estudar, se precisará mudar de cidade ou de estado, se cursará uma universidade federal ou privada, se ficará afastado de amizades ou do namoro e como será o dia a dia longe da família.

2. Mesmo que o aluno fique na mesma cidade, morando com os pais, a mudança de rotina no ingresso à universidade será considerável. Será deixada no passado aquela vida estudantil com o mesmo horário de início das aulas, o encontro com os mesmos colegas, os mesmos professores, as saidinhas para os programas com a mesma turma... para se abrir a um mundo novo, ainda desconhecido.

Portanto, fazer a prova do Enem nesse domingo é muito mais do que prestar um exame, é um convite para uma nova etapa de vida tanto para o jovem como para os familiares. Um mundo de possibilidades se apresenta! E é importante que a família converse sobre isso, para cuidar das expectativas, das necessidades e dos medos.

Então, quero deixar meu carinho e meu apoio a todos esses jovens que nessa semana farão a prova do Enem, especialmente, aos que insistiram em estudar da melhor maneira que puderam. Vocês foram, sim, uns batalhadores, e já venceram muitas etapas! A prova de domingo é mais uma delas! Estarei aqui, na torcida, com o coração junto com vocês. Vamos comemorar o resultado que vier e seguir na continuidade, para chegar aonde cada um de vocês deseja!