Meu filho entrou na universidade... E agora?
- 19 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de set. de 2022
Alegria é a emoção mais presente nos pais quando observam o filho passando no vestibular e entrando no mundo universitário. O que não exclui o frio na barriga de vê-lo alçando voo, não é mesmo? Alguns pensamentos (nem sempre conscientes) são baseados no medo de que agora o filho vai se afastar de casa de vez, vai perder o contato com a família, não terá mais tempo para o convívio e os pais não terão um lugar prioritário em sua vida. Vem, na verdade, um grande medo do abandono. Às vezes acompanhado por um vazio emocional e também por um vazio de preenchimento de tempo – uma vez que a participação ativa dos pais nas atividades do filho se torna dispensável. Os jovens passam a não depender tanto dos pais, e a maioria quer (e precisa) sentir-se independente, mandando nas próprias decisões e escolhas.

Nesta etapa da vida familiar, os pais já passaram pela adolescência dos filhos e podem ter competido com outros interesses típicos dessa fase, como as festas, os amigos, os namoros, as novas descobertas, os esportes, os jogos, as redes sociais, etc. Enfim, as mil programações dos adolescentes! Todas, quase sempre, bem mais interessantes para eles, do que estar com a família. Às vezes, os adolescentes conseguem expressar para a família o tédio e a irritabilidade por estarem inseridos nesses programas familiares, que já não são mais interessantes para eles.
Distanciamentos
Os jovens universitários querem alcançar a liberdade que a própria idade proporciona. Há jovens que optam em fazer o curso universitário em outro local (cidade, estado ou país), e dependendo da condição financeira dos pais, os encontros podem ser bem esporádicos. Alguns, inclusive, fazem essa opção porque o desejo principal é morar longe dos pais. Mesmo para os que permanecem morando na casa dos pais, as mudanças são visíveis para ambas as partes. Enquanto o jovem vai se lançar ao mundo, os pais vão amorosamente soltar o filho e permanecer como base de apoio, entendendo que ser pai e mãe nesse momento significa recuar e não ser o protagonista dessa história, significa estar ali se o filho precisar, dando espaço para que ele possa crescer.
Alguns exemplos de convites desta fase da vida para mudança e adaptação familiar:
Quando o filho passa a dirigir ou utilizar outros meios de transporte e já não quer ficar dependendo dos pais para se deslocar.
Quando ele tem idade para ir em festas “de adultos” e pode legalmente comprar bebida alcóolica.
Quando não quer ter horário marcado para voltar para casa, ansiando mais liberdade, sem ninguém “vigiando, policiando ou dizendo o que é para fazer”.
O que os pais chamam de cuidado e proteção, por vezes pode ser uma superproteção. E o contrário também é possível: o que os filhos chamam de superproteção pode ser cuidado e afeto dos pais. Então, é importante que as conversas sejam claras e diretas, atendendo às necessidades reais dos filhos de uma proteção consciente. O mais comum é que, de corações abertos, os pais cedam de um lado e filhos do outro, chegando a um lugar comum para a família. Nem sempre é confortável para uma das partes (ou para ambas) porque é um novo caminho que está sendo traçado, e ainda está desconhecido. É uma nova aprendizagem para os dois lados, certo?
Lembre que em continuidade à uma individuação, que já começou na adolescência, alguns assuntos e intimidades da vida afetiva, social e sexual, os filhos não querem mais dividir com os pais. Eles costumam preferir dividir com amigos, ou até mesmo com um ou mais adultos que eles escolheram para compartilhar dúvidas, dores, expectativas e novas descobertas.
Se seu filho está querendo tudo isso, parabéns! Reconheça seu mérito de ter aberto espaço para que ele cresça e exercite o papel adulto. E vale o lembrete: pais não são amigos dos filhos, são pais. E estão na vida deles nessa exclusiva e vital função.





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