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Pais e filhos: vamos conversar sobre a escolha da profissão

  • 19 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de set. de 2022

A proximidade do vestibular costuma trazer para as famílias a necessidade de conversar sobre a escolha do curso na inscrição do processo. Quando o diálogo de temas cruciais não faz parte da rotina da família, a abordagem deste assunto pode ser um desafio.


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Não saber O QUÊ ou COMO conversar com o filho é uma queixa recorrente dos pais que me procuram. Já os jovens trazem relatos de sentirem-se sob pressão, mesmo quando os pais não os pressionam realmente, pois têm medo de decepcionar os pais – ou suas expectativas.

Com a crença de que TEM QUE fazer a escolha “certa”, o jovem aciona sua autocrítica, seu medo, e, muitas vezes, opta por não conversar e não querer ouvir o que os pais pensam a respeito, reagindo com choro, raiva ou medo. E, na impulsividade, tende a se isolar ainda mais do contato com a família. Quanto mais ele se retraí, mais os pais tendem a “não se sentirem bons o suficiente por não estarem orientando num momento tão importante”, e, por isso, partem para a ação, querendo conversar mais e mais.


Pronto: a confusão em casa está armada!


Entendo que essa esquiva do filho impacta os pais e pode ser entendida como um distanciamento, um retraimento. Ouço relatos assim dos responsáveis, pais ou mães: “meu filho não quer conversar comigo”, “ele não se importa com minhas opiniões”, “ele só ouve os amigos”, “ele não confia em mim”, “ele vive num mundo paralelo”, etc.


Por outro lado, alguns comentários dos pais podem trazer desconforto para os jovens, como: “você não confia em mim”, “você não valoriza o ensino que te proporcionei”, “você não tem maturidade para fazer as escolhas certas”, “nem pense que você vai sair por aí fazendo qualquer profissão sem futuro”, “esse curso que você está pensando é legalzinho, mas ...”, “depois de tanto investimento na sua vida, eu tenho direito de opinar”, etc.


Bom, pode ser que o jovem não queira conversar simplesmente porque ainda não sabe o que falar; ou porque sente medo de nomear uma profissão e depois mudar de ideia; ou tem medo de que os pais digam algo que o “obrigue” a seguir; ou tem receio de não cumprir as expectativas dos pais e decepcioná-los; e até o medo de não conseguir passar no curso que ele mesmo escolheu.


Portanto, esse “silenciamento” dos jovens nesse momento pode ter vários significados. O que considero comum é o silêncio estar associado à uma confusão de sentimentos/pensamentos, somado a muitas das inseguranças próprias dessa fase da vida. Ou seja, não tem nada a ver com falta de amor ou respeito pelos pais.


Provavelmente, o jovem está elaborando cognitiva e emocionalmente o que fazer com essa primeira escolha profissional. Essa maturação leva tempo e esse tempo varia de jovem para jovem. Sugiro que os pais se coloquem disponíveis para acolher o que o filho sente e pensa, suspendendo a expressão do seu próprio julgamento a respeito de um curso ou outro. Criar espaços corriqueiros desde cedo - para que o assunto possa fluir entre vocês -, por meio de brincadeiras, jogos, filmes, séries, documentários... é uma possibilidade saudável.


Naturalizar o assunto abre espaço para a criatividade de todos os envolvidos no processo. A transparência na comunicação, cada um podendo falar sobre seus desejos e seus medos, deixando claro que isso é sobre si mesmo – e não uma ORDEM para o outro, também é uma boa base para dialogar sobre profissões. Desejo a todos boas conversas!

 
 
 

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